Desde os meus cinco anos de idade que gosto de escrever. De lá pra cá, posso dizer que meu estilo se modificou um pouco - entre as mudanças mais relevantes nos meus textos, estão a grafia do “Z”, que agora escrevo virado para o lado correto e a do “E”, que aprendi a fazer com apenas três riscos horizontais. Escrever um livro foi algo que sempre quis fazer. Aos nove, inventei estórias sobre alienígenas, aos onze, eram jogadores de futebol invencíveis e aos quatorze, finalmente atingi a maturidade criativa: passei a dar mais importância aos textos que às ilustrações. E desde então venho procurando manter a atividade de escriba em dia, escrevendo por hobby, cartas, diários, artigos, crônicas.
Num daqueles dias absolutamente comuns, uma professora me veio com a idéia: “Por que você não junta esses seus textos numa compilação?” e, desta forma, condenou as prateleiras improdutivas das bibliotecas à ocupação de mais um livro. Paralelamente aos meus estudos para o vestibular, à realização das provas e à expectativa de começar a cursar a universidade (ou vocês estão pensando que um livro se faz de um dia para o outro?), revisei antigos textos e escrevi muitos outros novos, num processo que me custou noites a fio diante do computador, alguns graus a mais de miopia, comprimidos para dor-de-cabeça e uma tendinite no pulso direito.
Dizer que se está escrevendo um livro é algo que pode causar estranheza nas pessoas, mas é uma das frases mais proveitosas para quebrar o gelo da falta de assunto em uma conversa. Difícil mesmo era explicar para as pessoas que meu livro não é sobre nenhum assunto específico - ou sequer um romance - mas uma coletânea de crônicas sobre os mais variados temas. Desde estórias corriqueiras que povoam meu cotidiano e minha memória, até prolixas divagações sobre intrigantes assuntos, meu objetivo sempre foi reunir textos diferentes entre si (pelo menos na tentativa de evitar a monotonia).
Muitos duvidaram, entre eles, eu mesmo. Mas muitos, por outro lado, acreditaram que eu conseguiria. Agora, tentando lembrar de supetão, não consigo citar ninguém - acho que a minha mãe, talvez - mas o que importa é que eu consegui. Finalmente eis um projeto meu que saiu do papel, ou melhor, neste caso, entrou no papel. Está aí, nas suas mãos, meu livro, que não me deixa mentir. Aleatório como deve ser nosso humor, nosso ânimo e nosso estado-de-espírito. Aleatório como devem ser nossas experiências a cada dia. Aleatório como a vida deve ser.
Agora falta o filho.
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